10 de abr. de 2009

CICLO ESTRAL e seu CONTROLE

O comportamento sexual da cadela difere acentuadamente do das outras espécies. O cio ocorre duas vezes por ano com um intervalo médio de sete meses. Na maior parte, o primeiro período ocorre entre janeiro e março e o segundo durante agosto e setembro. A incidência sazonal não é absoluta sob condições de domesticação e uma cadela no cio pode ser observada a qualquer época do ano. O cio ocorre mais freqüentemente nas raças menores. Cadelas que alcançam a maturidade física no outono podem apresentar imediatamente o primeiro estro, enquanto as que se tomam adultas em dezembro podem não atingir a puberdade até a primavera seguinte.
O ciclo se divide da seguinte forma:
Proestro: se caracteriza por um fluxo sangüíneo da vulva e a progressiva dilatação dos lábios vulvares. Geralmente, estende-se por 9 a 10 dias, com variações de até 4 a 14 dias;
Estro: em que a secreção sanguinolenta é reduzida ou cessa e há uma acentuada dilatação e tumefação da vulva. Também dura nove dias, com uma média de 5 a 12 dias. A maior intensidade de desejo sexual ocorre durante os dois primeiros dias. Diz-se que quando o pró-estro é longo o estro tende a ser curto e vice-versa, mas a duração total destes dois períodos geralmente leva 18 a 21 dias. Algumas cadelas mostram certa preferência por determinados machos e isto pode influenciar a duração do astro;
Metaestro: se caracteriza por alterações de pseudoprenhez no endométrio. Este período leva oito semanas e geralmente termina em uma pseudociese com lactação;
Anestro: se estende do final do metaestro até o início do proestro seguinte. Dura cerca de três meses.
Sintomas de Estro
O primeiro sinal de que o cio está próximo é o início de ligeira dilatação dos lábios vulvares. Esta indicação geralmente precede o início de hemorragia por vários dias. A dilatação dos lábios da vulva é progressiva durante o período de proestro. O sangramento atinge o máximo no início do proestro e continua com a mesma intensidade no período inicial da fase de cio verdadeiro. Durante a maior parte do proestro, a cadela, embora atraente para o cão, não se interessa por este. Ela não o procura e geralmente o ataca se ele tenta o acasalamento.
Um dia ou pouco antes do fim do proestro sua atitude se modifica. Ela mostra sinais de receptividade ao macho, com súbitos movimentos vertiginosos que terminam em uma atitude de agachamento com os membros tensos e a expressão alerta. Ela ladra convidativamente, mas à medida que o cão se aproxima ela se move subitamente outra vez, pois ainda não permite que ele a cubra. Com o início do estro, o convite ao coito é óbvio. A cadela fica na posição de acasalamento com a cauda erguida ligeiramente ou tombada para um lado, permanecendo assim enquanto o macho monta e copula. Nos últimos estágios da “ligação copulatória”, que dura de 15 a 25 minutos, ela se torna inquieta e irritável, e suas tentativas de livrar-se podem causar danos físicos consideráveis ao macho.
Após os dois primeiros dias de desejo sexual o cio regride gradualmente, mas com a persuasão contínua do macho ela aceitará o coito até o final do período. O sangramento, embora em quantidade reduzida, geralmente continua durante o período de cio e pode persistir até o final do mesmo. Mais freqüentemente, no entanto, a secreção se torna amarela à medida que o cio prossegue. A dilatação e a tumefação vulvar são maiores no início do estágio em que ela aceita o macho. Durante o curso do estro, os lábios vulvares dilatados adquirem uma consistência mais mole. Alguma dilatação vulvar persiste durante a primeira parte da fase do metaestro.
Alterações na vagina e no útero
Durante o anestro, esfregaços vaginais contêm células epiteliais e poucos neutrófilos. Durante o proestro há muitos eritrócitos, um gradual aumento de grandes células queratinizadas e um progressivo desaparecimento de leucócitos. No início do estro há principalmente grandes células queratinizadas e algumas hemácias; no estro avançado as primeiras se tornam irregulares e as últimas estão ausentes, enquanto os neutrófilos tornam-se dominantes durante as primeiras duas ou três semanas de metaestro, além de pequenas células epiteliais.
Durante o período de repouso sexual, o epitélio vaginal se constitui de tipos celulares prismáticos e cubóides e compreende apenas duas ou três camadas. Durante o proestro, as células epiteliais passam a ser cilíndricas, escamosas, estratificadas e persistem nesta forma até os últimos estágios do estro. O estrato córneo e as camadas exatamente abaixo dele são perdidas por descamação durante os períodos de proestro e estro, deixando uma estrutura baixa, escamosa, que se transforma em epitélio prismático uma a três semanas após o fim do cio.
 Durante o metaestro (e prenhez) o epitélio é formado por um tipo prismático mais alto que durante o estro. O endométrio da cadela é de especial interesse devido ao sangramento que ocorre durante o pró-estro e em virtude das alterações de pseudoprenhez que, na ausência de prenhez, se seguem ao cio.
Se o sangramento dos vasos sanguíneos abertos é uma explicação correta, eles devem ser em pequeno número e de tamanho diminuído. A explicação alternativa para a presença de eritrócitos na luz uterina se deve à diapedese através do epitélio intacto.
Durante a proestro e o estro, os cornos uterinos se tornam dilatados, túrgidos e circulares à secção transversal. Isto contrasta bastante com seu estado relaxado e sua aparência achatada durante a quiescência sexual.
Os Ovários
 Durante o anestro, os ovários são ovais e ligeiramente achatados em forma. Em uma cadela de tamanho médio, eles medem aproximadamente 1,4 cm de pólo a pólo e 0,8 do bordo de inserção ao bordo livre. Nenhum folículo distinguível pode ser observado, embora à secção os diminutos remanescentes dos corpos lúteos do ciclo anterior possam ser vistos como pontos amarelos ou marrons. Na cadela jovem, a superfície ovariana é lisa e regular, mas no animal idoso é irregular e cicatrizada. No início do proestro os folículos em desenvolvimento já atingiram um diâmetro de 0.5 cm. Eles aumentam progressivamente de tamanho até a época da ovulação, variando de 0,6 a 1,0 cm.
Por esta época, o ovário está consideravelmente dilatado, seu tamanho depende do número de folículos presentes e sua forma é irregular em virtude da projeção dos folículos através de sua superfície. Devido à espessura da parede folicular, pode ser difícil distinguir entre folículos e corpos lúteos. Antes da ovulação a superfície folicular apresenta uma pápula ligeiramente elevada, do tamanho de uma cabeça de alfinete, e o epitélio que a reveste é de coloração marrom, que contrasta com a cor de carne do vestígio do folículo. Um aspecto considerável do folículo em crescimento da cadela é a espessura de sua parede, devido à hipertrofia e pregueamento das células granulosas. Isto pode ser observado à secção sem o auxílio do microscópio.
A ovulação é espontânea e ocorre cerca de 24 horas após o início do período em que a fêmea aceita o macho. A ruptura de todos os folículos se verifica dentro de um período relativamente curto. A longevidade dos óvulos nesta espécie é fenomenal. Provavelmente tem duração de quatro dias. No início, o corpo lúteo contém uma cavidade central, que se torna preenchida por células compactas luteinizadas em torno do 10° dia após a ovulação, em cuja época o corpo lúteo atingiu seu tamanho máximo (0,6 a 1,0 cm). Neste momento, os corpos lúteos compreendem a maior massa do ovário.
É regra geral que um número aproximadamente igual de corpos lúteos seja encontrado em cada ovário, embora, ocasionalmente haja amplas diferenças. Sob este aspecto, é interessante observar que o número de fetos no respectivo corno em prenhez freqüentemente difere do número de corpos lúteos nos ovários correspondentes. A migração do embrião no interior dos cornos para o lado oposto parece ser comum. A secção do corpo lúteo é róseo-amarelado; permanece inalterado na cadela não-fecundada até o 13° dia depois da ovulação, após o que se atrofia lentamente. Pode haver vestígios visíveis através do anestro. Durante a prenhez, os corpos lúteos persistem com seu tamanho máximo, mas regridem muito rapidamente após o parto.
Referência: GEOFFREY, H. Arthur. Reprodução e obstetrícia veterinária. Rio de Janeiro/RJ: Guanabara Koogan, 1979.

Um comentário:

  1. NO CASO DO ACASALAMENTO O MACHO DEVERÁ IR A CASA DA FÊMEA OU O FÊMEA NA CASA DO MACHO?

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