10 de abr. de 2009

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL CANINO - TVTC

O tumor venéreo transmissível das cadelas caracteriza-se como uma neoplasia transmissível pelo coito. A localização preferencial dessa neoplasia é mucosa da venitália externa de caninos, podendo, entretanto, acometer outras áreas cutâneas como pele; mucosas oral, nasal e conjuntival e, em alguns casos, apresenta metástase em outros órgãos. Essas neoplasias raramente involuem espontaneamente.
As sinonímias são: Tumor de Sticker, Granuloma Venéreo, Sarcoma Infeccioso, Linfossarcoma Transmissível e Histiocitoma.
Etiopatogenia
Alguns autores atribuíram a origem dessa neoplasia à infecção causada por um vírus, embora não exista nenhuma evidência, até o momento, que confirme esta teoria. Todavia, está comprovada a natureza transmissível desta neoplasia, relacionando a transmissão com a esfoliação de células dos órgãos genitais, provenientes do animal contaminado, que durante o coito são transferidas para a genitália do animal sadio. Como durante a cópula dos caninos ocorrem, normalmente, lesões com solução de continuidade da mucosa genital, as células tumorais esfoliadas têm possibilidade de se implantar no trato genital do animal sadio.
Às vezes, os cães podem se contaminar pelo hábito de cheirar e lamber a genitália de outros animais e, da mesma forma, pelo costume dos mesmos se limparem, lambendo seus órgãos genitais externos: assim explicar-se-ia o aparecimento das lesões tumorais em outras mucosas e tecidos (pele da face, mucosa bucal, mucosa nasal - das vias respiratórias e pulmões e conjuntivas). A promiscuidade existente entre animais criados sem controle sanitário ou entre cães errantes e abandonados é a grande razão da disseminação da enfermidade.
A presença de metástase tumoral em outros órgãos tem sido reportada por vários autores, sendo comum a descrição da ocorrência em: linfonodos inguinais superficiais e ilíacos externos; no fígado; baço; pulmão e cérebro.
Sintomas
A fase incipiente da enfermidade, isto é, do contágio até o aparecimento dos primeiros sintomas, representa um período variável de 45 a 60 dias, com os primeiros sintomas aparecendo na genitália externa na forma de nódulos isolados ou múltiplos, lisos ou irregulares, podendo algumas vezes apresentar ulceração. A presença de secreção vulvar é manifestação, freqüentemente observada, inicialmente, em quantidade reduzida, tornando-se abundante e de coloração sanguinolenta à medida que o processo tumoral evolui. Com o desenvolvimento da tumoração observam-se alterações típicas da morfologia da vulva e do vestíbulo vaginal, com a deformação de suas estruturas, assumindo forma de “couve-flor”, pendulada, papilomatosa ou multilobulada.
Na fase final do desenvolvimento a neoplasia atinge completamente a vagina, cérvix e útero. E, nos casos crônicos, a tumoração ocasiona compressão das áreas adjacentes, determinando coprostase e dificuldade de micção, assim como, freqüentemente, apresenta ulceração, com hemorragias superficiais, responsáveis por quadro anêmico.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico da neoplasia veneres transmissível dos cães (Tumor de Sticker) baseia-se nas informações obtidas na anamnese e, fundamentalmente, no resultado do exame clínico. No histórico é significativa a informação de cópula recente, com inúmeros machos sem controle sanitário. Associado à mencionada informação, devem ser destacadas as observações das típicas formações tumorais.
Prognóstico
O prognóstico do Tumor de Sticker é considerado bom, nos casos iniciais, pois respondem de forma adequada aos tratamentos; e reservado nos casos com longo período de evolução, face à resposta variável aos tratamentos possíveis de ser realizados.
Tratamento
Antes da programação de qualquer forma de tratamento deve-se considerar a possibilidade de regressão espontânea. Pois existem até 16% de casos de Tumores de Sticker com regressão espontânea; porém essas observações foram estabelecidas pela avaliação da evolução de casos induzidos por transplante experimental.
Entre as condutas terapêuticas indicadas destacam-se os tratamentos quimioterápicos, cirúrgico e radioterápico. Com possibilidade de eles serem associados.
Quimioterapia
Vários produtos ou substâncias quimioterápicas foram utilizados com sucesso no tratamento da neoplasia venérea transmissível dos cães, em especial a última geração de drogas recomendadas em neoplasias de humanos: a Doxorrubicina na concentração de 30mg/kg de peso vivo, com dois tratamentos, intervalado por um período de três semanas. Outra possibilidade de quimioterapia do Tumor de Sticker é pela utilização da Vincristina na dosagem de 0,025mg/Kg de peso vivo. Todavia não se deve ultrapassar 1mg como dose máxima, uma vez por semana, podendo ser o tratamento realizado em ciclos de duas a sete semanas, de acordo com a regressão dos sintomas e evolução do processo.
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia, obedecendo às modernas técnicas de excisão de formações tumorais de origem neoplásica, apresenta excelentes resultados, especialmente nos casos recentes de Tumor de Sticker nas cadelas e quando essas formações se apresentam bem isoladas e definidas.
Radioterapia
A radioterapia das neoplasias venéreas transmissíveis dos cães com aplicação de 10 a 30 Gray foi suficiente para curar, em um ano, 18 dos cães acometidos por Tumor de Sticker.
Referência: GRUNERT, Eberhard et al. Patologia e clínica da reprodução dos animais mamíferos domésticos: ginecologia. São Paulo: Varela, 2005.

6 comentários:

  1. Gostei muito dessa materia pois, explica muito bem a respeito do assunto em que procurava (TVT), meu caozinho foi vitima dessa neoplasia. Tirei minhas duvidas a respeito desse assunto pra procurar o tratamento certo.
    Obrigado.

    Edmilson - Minas Gerais

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  2. Obrigado, muito boa a matéria.
    Armando - Minas Gerais.

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  3. Adotei essa semana uma cachorrinha de rua que está com TVT, porém ela está grávida. Já conversei com veterinária e esta falou que teremos que castrá-la e fazer a cirurgia pra retirada do tumor, bem como quimioterapia após o desmame dos filhotes. Minha pergunta é: como será o parto? Olhando a vulva dela, vimos claramente o tumor, queria saber se não pode acontecer complicações no parto, ela sofrer mais ainda por causa do tumor e ainda, se os filhotes poderão se contaminar. Grata, Claudia

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  4. oi minha cadela esta fazendo o tratamento de quimioterapia, gostaria de saber a partir que qual sessão de quimio começa desaparecer o tumor e o inchaço da vulva.

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  5. Estou exatamente na mesma situacao com uma cachorrinha que adotei. Como ficou a sua?

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  6. a minha cadela estar com inchaço na válvula, e escorrimento sanguinho frequente.há mais de 1 mes e a cada dia observo que a válvula se estica e aumenta cada vez mais, como devo proceder com essa situação?

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